Porque o Orkut não vai morrer tão cedo…

Relendo o texto publicado por Dennis Altermann sobre a “morte do Orkut”(aqui) lembrei-me de alguns comentários feitos por palestrantes no “Get follow”, evento realizado na FABICO (UFRGS) este ano (mais informações). Nessa ocasião, ao contrário do título do texto do Dennis que diz “O orkut vai morrer (…)” ouvi deles que o Orkut já estava morto, quando na verdade o Orkut está mais vivo do que nunca. O que está acontecendo de fato é que aqueles que estudam redes sociais estão migrando para outras redes.

O que vejo é que, ao se manterem atualizados, esses “profissionais” vão abandonando as redes já “dominadas” e passando a explorar as recém surgidas, ou que ainda representam algum desafio em termos de estratégias. Assim, esquecem-se de que temos no Brasil muitas pessoas que ainda acessam a internet em Lan Houses e que estas, assim como várias outras que recém ingressaram na web, têm o Orkut como referência. Afinal, essa foi a primeira grande rede popularizada e é ela que, ainda, consegue reunir famílias, amigos, ex-colegas de escola e/ou de trabalho por ser uma mídia que não exige acompanhamento constante. É perfeito para quem acessa a internet esporadicamente, quando sobra um tempinho ou uns trocados. Prática sem sentido para o Twitter, por exemplo, ou para o Facebook, já que os dados da timeline não são tão fáceis de se resgatar depois de algumas horas, quem dirá depois de alguns dias, dada a sua característica “imediatista”.



Além disso, vale lembrar que o Twitter, por exemplo, não deixa “marcada” tão fortemente a existência do usuário como o Orkut, onde ele tem um perfil “estático” que pode deixar propositalmente “rastros” para serem seguidos. Além do mais, o Twitter exige a produção de conteúdo e, como mostram as pesquisas de comportamento, a maioria dos internautas só consome e/ou repassa informações. Ok, para esses casos existe a chance do usuário seguir muitas pessoas e retuitar todas elas, mas isso não traria seguidores, nem capital social na rede, como a oferecida pelo Orkut, o que a tornaria desinteressante para ele.

No “Get Folow” defenderam o Facebook como substituto do Orkut. Realmente muitas pessoas têm migrado para essa outra rede. Contudo, a maioria delas não abandonou o perfil do Orkut. Isto porque é nele que as relações estão formadas, é lá que estão as comunidades em torno de algum tema de interesse pessoal, é onde os usuários já são milionários nos jogos disponibilizados pelo sistema e assim por diante. Ou seja, existem “n” motivos para que eles mantenham o seu perfil do Orkut, ainda que venham a participar de outras redes.

Outro ponto negativo sob o ponto de vista dos usuários é a interface do Facebook, o qual tem praticamente todas as funcionalidades do Orkut, porém com uma linguagem que se assemelha a do Twitter, com a timeline, complicando a navegação do usuário inexperiente e o acompanhamento das ações dos seus “amigos”. Eles entram no Facebook com a lógica simples que aprenderam no Orkut e, obviamente, confundem-se e acabam desistindo.

O que quero salientar com esse texto, não é que o Orkut terá vida eterna, muito menos que as pessoas nunca se adaptarão ao Facebook, por ele se utilizar de uma linguagem diferente. Mas que o Orkut tem a vantagem de ser o precursor no Brasil e, portanto, ter uma parcela de pessoas que se mantêm na sua base de dados para não perder contatos. Além disso, “ensinou” o usuário a “fuxicar” e interagir na web a sua maneira, popularizando-se de forma muito particular. A prova disso é o número de comunidades criadas a cada alteração do sistema, as quais têm aproximado a sua linguagem a do Facebook descontentando muitos dos seus usuários.

Então, é claro que Orkut pode vir a morrer, mas discordo dos que afirmam que ele “já era” e pelos motivos antes mencionados, penso que o fim ainda esteja longe.
Daniela Mattos

Apaixonada por literatura clássica e ficção científica, criou o blog Sabe o que é? para compartilhar suas leituras e incentivar a formação de novos leitores.

1 Comentários

  1. Tenho recebido várias solicitações de amizade no orkut- parentes principalmente- pais aderindo ao "mundo" dos filhos. Depois de um bom tempo de desinteresse pelo orkut, retomei as olhadas diárias. Não morre tão cedo não, até porque o facebook é mesmo confuso!

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